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Biblioteca Escolar

quarta-feira, 4 de março de 2015

Encontro com João Pedro Mésseder

Foi ontem que os alunos do 5º e do 6º Anos e os alunos da Educação Especial (C.E.I.) conheceram pessoalmente o poeta e escritor João Pedro Mésseder (pseudónimo de José António Gomes), que eles aguardavam com expetativa, desde as últimas semanas.

Em sessões práticas na BE, os alunos do 5º Ano pesquisaram sobre a vida e a obra do autor e, a partir daí, a sua obra Versos com reversos criou a oportunidade para que estes alunos se aproximassem do universo poético de João Pedro Mésseder, lendo alguns dos seus textos e experimentando, também eles, inspirados pelo poeta, o poder mágico das palavras. Foi assim que surgiram os seus próprios versos, com que ontem homenagearam o autor.

Foi como quem reencontra um amigo que os nossos alunos receberam João Pedro Mésseder. Após uma breve apresentação pessoal, o autor dispôs-se a responder às perguntas dos leitores. Sobretudo os alunos do 6º Ano interpelaram o autor com curiosidades como a razão de ser do seu pseudónimo, os seus locais de inspiração poética, ou os autores que, desde a infância, mais o têm marcado... 

Pegando no livro Poesia de Luís de Camões para todos, obra de que José António Gomes é coordenador, o autor explicou como é importante para si distinguir o seu nome próprio do seu pseudónimo; a personalidade e o trabalho de cada uma destas entidades literárias que ele traz consigo e que têm, cada qual, uma existência.
Camões tem sido, de resto, uma das grandes fontes de inspiração do poeta, que recordou ainda outros grandes mestres da poesia portuguesa e mundial, como Eugénio de Andrade e Cecília Meireles, que o despertaram para uma poesia mais íntima das crianças. Desde muito cedo, intuiu que a poesia é um meio privilegiado para chegar ao coração dos outros e para lhes despertar a imaginação.

No seguimento dos poemas tradicionais de Camões, que o nosso convidado leu em voz alta, a Catarina, do 5º A, leu para todos o poema "Materiais" (da obra Versos com reversos), que aqui recordamos:

Materiais

Um coração
faz-se de amoras.

Uma mão

faz-se de galhos.

Uma flor

faz-se de zumbidos.

Uma árvore

faz-se de ninhos.

Um cavalo

faz-se de vento.

Uma nuvem

faz-se de linho.

Um rio

faz-se de silêncio.

Uma casa

faz-se por dentro.

            João Pedro Mésseder, in Versos com reversos
Depois desta leitura, vários alunos do 5º Ano homenagearam, sucessivamente, o autor com os versos que eles próprios tinham escrito à semelhança deste poema. Um exemplo:

Um livro
faz-se de palavras.

Uma janela
faz-se de aventura.

Uma estrela
faz-se de brilhos.

Uma bola
faz-se de liberdade.

Daniel Costa – 5º B

Seguiu-se o poema "Ditos", da mesma obra, lido pelo Lucas, do 5º B: 

Ditos

Ao branco diz o negro:
“Dá-me um grão da tua luz.”

Ao negro diz o branco:
“Ah, o brilho dos teus olhos!”

Ao branco diz o azul:
“Dá-me um pouco da tua água.”

Ao azul diz o branco:
“Dá-me uma nesga de céu.”

Ao encarnado diz o negro:
“Dá-me uma gota do teu sangue.”

Ao negro diz o encarnado:
“A seda dos teus cabelos!...”

Ao azul diz o amarelo:
“Juntemos os nossos teres,

de verde cubramos o chão
das coisas e dos seres.”
                 
               João Pedro Mésseder, in Versos com reversos
E, para surpresa do autor, surgiram, de entre o público, outros versos criados pelos alunos... Exemplos:

Ao laranja diz o cinzento:
“Dá-me um pouco da tua doçura!”

Ao verde diz o laranja:
“Dá-me um pouco da tua esperança!”

               Andreia – 5º A


Ao amarelo diz o verde:
“Dá-me um pouco do teu sol!”

Ao laranja diz o cinzento:
“Dá-me o sabor dos teus frutos!”

               Maria Inês – 5º A

Quando um aluno do 6º Ano perguntou ao poeta por que razão gosta tanto de escrever poesia, este falou-nos da sedução das palavras e do gosto de as explorar, dando como exemplo a experiência partilhada pelos alunos do 5º Ano.  
Prova do prazer que João Pedro Mésseder retira das palavras é uma das mais recentes obras do autor (Tudo é sempre outra coisa, de 2014), que ele fez questão de salientar e da qual nos leu alguns trechos. Foi especial o momento em que o poeta convidou o público a dizer consigo as palavras que envolvem a palavra "Pai" e a palavra "Mãe", demonstrando que também na prosa se pode buscar a poesia:

"Alguma coisa de casa, alguma coisa de árvore, alguma coisa de rosa, alguma coisa de terra, alguma coisa de mar, alguma coisa de lua, alguma coisa de música. É a mãe." (João Pedro Mésseder, Tudo é sempre outra coisa, p. 34).

Este foi um encontro feito de diálogo e de partilha, de dizer e de escutar. Um verdadeiro encontro.

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